Semeando Esperança: Árvores Nativas na Amazônia Contra o Aquecimento Global

Semeando Esperança: Árvores Nativas na Amazônia Contra o Aquecimento Global

Você já ouviu falar da Ilha Nauru, no Oceano Pacífico? Provavelmente não.

Devido à mineração excessiva de fosfato, o local sofreu uma degradação tão severa que tornou grande parte da ilha inabitável. Lugares como este têm visto sua economia local prejudicada pela diminuição do fluxo de visitantes. Estações de esqui em todo o mundo, inclusive em destinos renomados como Bariloche e Cerro Catedral na Argentina, e Valle Nevado no Chile, têm enfrentado invernos mais curtos e escassez de neve.

O Aquecimento Global é uma realidade inegável. No Brasil, já estamos enfrentando temperaturas recordes de até 45°C em pleno inverno.

Fonte: G1

O desmatamento e a preservação da vida na Terra são tópicos recorrentes em discussões mundiais. A ONU, através da Agenda 2030, propõe 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para empresas do mundo todo.

Na Essêntir, como signatários do Pacto Global da ONU, estamos comprometidos com essas metas e, recentemente, firmamos uma parceria com a startup “Meu Pé de Árvore”, fundada por Diogo Hungria. O foco dessa empresa é a recuperação de áreas degradadas na Amazônia. Eles plantam árvores nativas em áreas de preservação e em propriedades de agricultores locais, incentivando a economia e promovendo a produção sustentável.

Juntos começamos a desenvolver o projeto “Plantamos hoje para voar amanhã”.

Conversamos com Diogo sobre a Floresta Amazônica e nossa parceria neste projeto:

Pergunta: Qual a importância da Floresta Amazônica para o mundo?
Diogo: A Floresta Amazônica é o “refrigerador” do planeta. Sem ela a vida na Terra estaria seriamente prejudicada, o clima do planeta sofreria graves impactos, pois a floresta regula a temperatura, e ela é responsável por inúmeros outros pontos fundamentais como conservar a maior biodiversidade do planenta, contér vírus que poderiam ser liberados para a humanidade, abrigar diversas comunidades indígenas, que dependem da floresta, entre outros.

Pergunta: Quando atingiremos o “ponto de não retorno” da Floresta Amazônica? Ponto onde a regeneração da floresta não será mais possível
Diogo: Já estamos nele. Governos e populações precisam se comprometer e adotar práticas sustentáveis para reverter esta situação. Precisamos de ações concretas e urgentes, o fim das guerras, reduzir a produção de lixo, aumentar a quantidade de materiais recicláveis, reduzir o consumo de diversos produtos, como carne e derivados de petróleo, por exemplo, e ainda escolher marcas que estão efetivamente realizando ações sustentáveis.

Pergunta: Qual o tamanho da Floresta Amazônica?
Diogo: Se você pegar as folhas de todas as plantas da floresta e colocar uma ao lado da outra, seria possível dar centenas de voltas ao redor do planeta Terra, ou cobrir 60% de todo o oceano Atlântico, assim se pode ter uma dimensão do tamanho da Floresta Amazônica.

Seria possível cobrir todas as Américas, formando um teto verde em todo o continente americano.

Um metro quadrado no mar é igual a 1m², já na floresta 1m² equivale a 20m² por causa da quantidade de folhas empilhadas, temos que considerar a superfície foliar, e dessa forma a quantidade de sequestro de CO2 é muito maior, mais importante e a evaporação também.

Pergunta: O que é crédito de carbono?
Diogo: É uma maneira de compensar as emissões de CO2 comprando créditos de outras empresas ou organizações que reduziram suas próprias emissões de CO2. Isso permite que as empresas que não podem reduzir suas próprias emissões de CO2, compensem suas emissões comprando créditos de outras empresas. Em outras palavras, alguém economizou e vendeu sua economia para você certificar a sua, ou seja, no final do dia a poluição é positiva.

O plantio de árvores nativas para a restauração de ecossistemas, por outro lado, é uma ou a maneira mais eficiente e efetiva de sequestro de carbono e principalmente de regulação climática, ou seja, elas atuam diretamente no equilíbrio climático. As árvores absorvem CO2 da atmosfera durante o processo de fotossíntese e o armazenam em sua biomassa. Além disso, as árvores também fornecem uma série de outros benefícios, como a melhoria da qualidade do ar, a proteção da biodiversidade e outros nove serviços ambientais. Nesse caso, no final do dia temos um agente vivo que vai sequestrar o carbono emitido por você, ou seja compensando verdadeiramente a sua emissão.

1 crédito de Carbono é igual a 1 tonelada de Dióxido de Carbono, eles foram criados em 1997 através do Protocolo de Kyoto, para incentivar países desenvolvidos a reduzir a emissão de CO2 e ajudar países em desenvolvimento, que teriam mais dificuldades em reduzir essa emissão a adquirirem esses créditos como uma forma de compensar a poluição gerada.

Em outras palavras, os créditos de carbono são uma “licença” para continuar poluindo.

Se o seu interesse for legítimo por este assunto, recomendo se aprofundar. Uma dica é ler este artigo no site do Sebrae, clique aqui.

Pergunta: O que é “greenwashing”?
Diogo: Esse é um termo dado a empresas que anunciam ações de sustentabilidade e mitigação do GEEs (Gases geradores do efeito estufa), como o Dióxido de Carbono, mas que na realidade, não possuem nenhuma ação efetiva, geralmente fazem isso para agradar o seu público consumidor e se manter vivas no mercado.

Essas empresas estão acabando, os consumidores estão mais atentos e a economia global está mais exigente. Até mesmo o maior fundo de investimentos do mundo, o BlackRock já está focando seus investimentos somente em empresas engajadas com a sustentabilidade.

Pergunta: E o que é a mitigação do GEEs?
Diogo: Mitigar é reduzir de forma real, as emissões de GEEs, não apenas trocar créditos de quem deixou de poluir para quem continua poluindo.

Você quer só parecer que compensou ou quer realmente compensar aquilo que poluiu?

Pergunta: E o que o turismo tem a ver com sustentabilidade?
Diogo: – Tudo! Alguns destinos descobriram que podiam ser muito mais lucrativos conservando a natureza do que devastando, veja o caso de Bonito, no Mato Grosso do Sul, a cidade hoje é um dos maiores polos turísticos do Brasil, justamente por conservar suas matas e a natureza preservadas.

O slogan “Conheça o local e não leve nada além de fotos e lembranças” nunca foi tão verdadeiro e necessário.

O turismo não precisa ser devastador, ele tem o poder de ser regenerativo, inclusivo e educador, mostrando aos turistas que conservar e preservar é o melhor caminho.

Pergunta: Alguma mensagem final?
Diogo: Plante árvores!

Diogo Hungria tem um vasto currículo em sustentabilidade e meio ambiente. Seu trabalho e compromisso com a natureza são inspiradores.
É biólogo e mestre em zootecnia pela UFPR, trabalhou em projetos desenvolvendo novas tecnologias para a produção de ostras e camarões no litoral paranaense, além de outros 12 projetos que abrangem desde genética à gestão ambiental em obras. Colaborador do Instituto GIA desde 2005 e da OSCIP Ação Ecológica do Guaporé desde 2021. Possui 10 anos de experiência em coordenação e gestão de equipes, é ainda empreendedor, mentor e fundador da startup Meu Pé de Árvore, vencedora do programa de pré-aceleração do BNDES Garagem – Negócios de impacto – módulo criação.