“Ele no Crochê” e o seu criador, Rodrigo Morais

“Ele no Crochê” e o seu criador, Rodrigo Morais

O ano de 2022 tem sido muito emocionante na história da nossa empresa, um ano que marcou o retorno das viagens corporativas e a lazer, em níveis próximos a pré pandemia, com novos clientes chegando e a consolidação da nova cultura da nossa agência, após um longo processo de rebranding da marca e o nascimento da Essêntir Viagens.

E olhando para dentro da Essêntir, fomos atrás de parceiros conectadas ao nosso propósito e com histórias inspiradoras para caminhar ao nosso lado.

Foi assim que conhecemos o Rodrigo Morais e o seu lindo projeto “Ele No Crochê”, e te convidamos a conhecê-lo, compartilhando com você esta história.

Feito a mão!

“Olá,

Sou natural de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, tchê! Venho de uma família muito grande, onde a minha única referência no crochê era a minha amada tia, já falecida. Minha mãe nunca se interessou por essa arte e nem por artesanatos, minha avó materna menos ainda, essa era mais fácil ir para baladas do que mexer com artesanatos.

Lembro-me quando tinha 12 a 13 anos no colégio que estudava, as crianças eram separadas entre meninos e meninas para fazerem alguma atividade, eu ficava olhando as garotas fazendo aqueles tubinhos de jornal enrolados em agulhas de tricô e depois montando cestas, queria fazer aquilo que elas faziam.

Uns 2 anos mais tarde vi a minha tia fazendo ponto cruz e fiquei muito interessado, ela então resolveu me ensinar, fiquei muito feliz e com medo ao mesmo tempo, tinha medo de ser pego pelo meu tio, de ouvir algum xingamento ou repreensão por estar realizando uma atividade que era destinada somente às mulheres. E isso aconteceu, um dia ele me encontrou fazendo ponto cruz e acabei ouvindo o que não precisava, a ponto de me travar completamente, fiquei anos sem tocar no crochê.

Comecei a fazer faculdade de física, porém, 2 semestres depois tive que trancar o curso e mudar de cidade, buscando dar uma vida melhor

para a minha família. Fui para Chapecó, em Santa Catarina e comecei a trabalhar como tosador de cães, lá eu fiz um curso de intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) que até hoje eu atuo e é a minha segunda paixão, depois do crochê.

Um pouco mais tarde eu já estava casado, mas infelizmente foi uma relação abusiva; eu sempre quis ter algo para mim, fazer algo a mais, e nesse momento retomei o crochê fazendo coisas para a minha casa somente, cachepôs para os vasos de plástico que eram feios, alguns cestos, entre outros. Como eu tinha mais contato com as mulheres, as professoras das escolas onde eu trabalhava como intérprete, comecei a receber algumas encomendas.

Depois de um tempo percebi que homens também se interessavam; então identifiquei que tinha algo nas mãos, foi aí que começou a minha saga como empreendedor, mudei o nome da empresa 4 vezes até chegar no Ele No Crochê, na época não existiam fios premium para o trabalho e era preciso utilizar fios de malha residual, bem difíceis de se manipular, com o tempo isso foi melhorando.

Depois de 4 anos casado decidi me separar. E lá estava eu novamente, sozinho em um apartamento com uma cama que levei comigo do antigo relacionamento, uma TV e as minhas roupas, até então eu ainda era dependente financeira e emocionalmente do meu ex-marido. Fiquei desesperado, vulnerável e com a minha autoestima bem baixa, lá no mindinho do pé, cheguei a quase passar fome, quase porque eu tinha o crochê, então eu rezei: Se existe uma força maior regendo tudo isso, por favor me ajude, me mostre onde estou errando e como posso melhorar.

Foi então que comecei a receber várias encomendas, chegando a ter 5 por dia, o que era muito difícil na época, isso foi me deixando mais feliz e senti que, após anos trabalhando para os outros, era a hora de realizar o meu sonho e trabalhar por mim, em casa, e isso é muito gostoso.

Estar perto da família, do cachorro, poder acordar mais tarde um pouco, organizar o dia, é muito bom trabalhar em casa.

Comecei a estudar fotografia, marketing e fui atrás de mais clientes, eu mesmo fazia tudo sozinho, fotografar melhor as peças, entender mais sobre o Instagram e como chegar em mais pessoas e não desistindo, o que é mais importante.

Eu recebo muitas perguntas e relatos; esses dias uma pessoa me escreveu dizendo que estava cansado de tentar trabalhar e viver do crochê, que ele tem mais como um hobby, mas que gostaria que fosse a sua fonte de renda principal; eu passei por isso também, quando estava deprimido e pensando em desistir, foi justamente o crochê que me ajudou a superar a minha pior fase.

Tempos depois, chegou a hora de dar um up no Ele No Crochê, fazer algo diferente, decidi então lançar o meu primeiro curso, o “Trio de Malhas”, foi difícil gravar, sem experiência, ansioso e nervoso em frente à câmera. O HD que era para salvar as 9 aulas no total, travou e perdemos 6 aulas que precisei regravar, mas isso foi bom, na regravação eu já estava mais tranquilo e o curso foi um sucesso, o retorno foi incrível, tanto no primeiro quanto no segundo lançamento.

Nós somos o que somos devido à soma das experiências que tivemos na vida.

O Trio de Malhas abriu a minha mente e as portas para o que eu sou hoje, ariano nato sempre quis me tornar referência no que faço e no ano passado lancei o meu segundo curso, Aprendi com Ele, dessa vez fiz quase tudo sozinho, gravação, marketing, divulgação, tive ajuda de um companheiro que estava comigo na época e me incentivou muito, o curso novamente foi um sucesso, cresci demais, aprendi muito mais.

Pouco tempo atrás senti vontade de criar um produto novo, foram meses de reuniões, analisando materiais, visitando fornecedores e, em parceria com a Fisher, lancei a minha marca de cordão de algodão, a Cordão Juno.

Há 4 anos, o crochê era um meio predominantemente de mulheres, sendo elas mais velhas e vindas de famílias que tinham muito contato com o artesanato e o crochê. Hoje o número de homens, adolescentes e adultos, vêm aumentando nesse mundo artístico. Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito, talvez isso se dê pelo fato de não me importar com o que as pessoas dizem ou pensam, eu apenas tento ser eu mesmo e fazer o que eu gosto.

Uma frase que levo sempre comigo é: Praticando um pouco por dia, o esforçado fica melhor que o talentoso.

Não adianta somente talento sem esforço.

O potencial do mundo das artes manuais, crochê e artesanato, por exemplo, é imenso e ainda dá tempo de aprender e viver do que se gosta.”

Siga o Rodrigo no Instagram e conheça mais sobre @elenocroche.