Reinventando-se aos 60: A História Inspiradora de Solange Baggi

Reinventando-se aos 60: A História Inspiradora de Solange Baggi

Já sentiu a vontade de transformar radicalmente sua vida, seja mudando de lugar, emprego, cidade ou até mesmo país?

Constantemente, somos bombardeados nas redes sociais com pessoas falando sobre sair da zona de conforto, mudar de vida, ser a sua melhor versão, que tudo é possível e é só querer. O que essas pessoas têm em comum? A grande maioria são jovens de 20, 30 anos de idade, sem contar com uma série de outros privilégios.

Mas e se você já passou dos 50, 60+, tem família, filhos, etc.? Ainda é tempo de sair da zona de conforto e recomeçar a vida de uma forma diferente? A resposta é sim.

Em 2016, conheci um norte-americano chamado Peter, com 66 anos na época. Pegamos juntos o mesmo ônibus do centro de Kuala Lumpur para o Aeroporto na Malásia. No trajeto, Peter puxou conversa comigo, perguntou de onde eu era, etc. Depois, ele compartilhou um pouco da sua história, que trago aqui para vocês hoje em forma de diálogo:

Peter: “Eu fui um milionário do petróleo em Chicago, ganhei muito dinheiro, comprei um terreno muito grande no Havaí e comecei a construir uma mansão. A casa era tão grande que levei 3 anos para finalizar; precisava até de um carrinho de golfe para andar pela casa. Assim que terminei a obra, um incêndio queimou toda a casa.”

André: “Peter, você perdeu tudo?” Já me ajeitando na poltrona ao seu lado, mais interessado na história.

Peter: “Sobrou o terreno e um pouco de dinheiro. Mandei limpar tudo e construí diversos pequenos bangalôs. Fiquei com um para mim e aluguei todos os outros. Foi aí que descobri que eu havia construído um ‘elefante branco’, algo que nunca iria curtir de verdade.”

André: “E como você se sente hoje?”

Peter: “Hoje eu sou livre, viajo para onde eu quero e sinto que nunca fui tão feliz na minha vida.”

Foi uma grande lição que tive naquele trajeto de quase 1 hora e meia até o aeroporto.

Hoje, resolvi convidar a Solange Baggi, nossa Essêntire e amiga do núcleo de lazer da agência, para contar um pouco sobre uma mudança de vida que ocorreu com ela este ano, em 2023. A nossa intenção é mostrar que não existe tempo nem idade para mudar. Quando sentir que é necessária, ou que é um desejo legítimo, mude!

Solange: “Nem deveria estar dando essa entrevista, pois não me sinto idosa. Isso para mim ainda está longe. Esses dias, no consultório, me perguntaram a idade; eu respondi 48. Depois parei, pensei e voltei para a moça: são 58, desculpe, é que eu sempre esqueço quantos anos eu tenho, rs. Por outro lado, também acho muito legal poder contar essa história. Me anima.”

Antes que eu pudesse perguntar algo, a Sol, como a chamamos aqui, já começou a entregar tudo.

Solange: “Com o passar dos anos, os filhos crescem, saem de casa, etc. Cada um foi morar sozinho em um canto, e aí a vida começa a ficar monótona. Eu tinha uma casa muito boa, um carro para passear, amigos por perto, meu trabalho. Ainda assim, comecei a me questionar sobre o que eu queria fazer da minha vida.”

Há muitos anos, tinha o sonho de voltar a morar em Maringá, no Paraná, minha cidade natal. Eu costumava dizer que, quando me aposentasse, iria voltar para lá. Já faz 10 anos que me aposentei e continuava em São Paulo.

Neste ano, eu refleti. Não preciso de luxo, mas não abro mão do conforto. Então, peguei minhas coisas, meu marido e meu cachorro, e fui!

Fui muito bem recebida pela minha família em Maringá. Estou me sentindo muito bem. Já faz 6 meses que me mudei e sinto como se só tivesse passado 1 mês, pois estou gostando muito.

No início, foi um pouco desafiador: a adaptação, a saudade da rotina de São Paulo, dos amigos de lá, mas principalmente da minha ‘boadrasta’ (como a Sol se refere à sua amada madrasta), pois tenho um amor muito grande por ela, comenta a Sol emocionada.

Essêntir: “E sobre sair da zona de conforto, como foi para você?”

Solange: “Quando saímos da zona de conforto, temos que tomar alguns cuidados e saber das consequências, sabe? Falei com os meus filhos, e eles me apoiaram. Mas temos que pensar em tudo. A casa em São Paulo era bem maior do que a que moro hoje, mas aqui é melhor, entende? Acho importante ter um plano B. Eu e meu marido pensamos nisso. Ainda temos a nossa casa lá em SP, caso nada dê certo. Hoje vejo que isso está cada vez mais distante de acontecer.”

O segundo ponto, e que foi muito importante para mim, foi o trabalho. Não conseguiria fazer essa mudança se não trabalhasse em uma empresa que me apoiasse nessa hora e que me permitisse trabalhar de onde eu quisesse.

Na Essêntir, seguimos uma filosofia que é a de liberdade com responsabilidade, e faço o meu trabalho com o mesmo amor de sempre, estando lá em São Paulo ou aqui em Maringá. Isso tudo me deu maior segurança para tomar uma ação.

Foram 52 anos em São Paulo, uma vida, né! Agora, sinto que estou novamente na zona de conforto, porém mudar dá uma sensação de renovação. Parece que fiquei mais nova, sinto mais energia e a sensação de liberdade. É um restart, me sinto poderosa. Isso é uma delícia. Sou dona da minha vida, de como eu faço as coisas acontecerem, das escolhas que faço, e eu adoro caminhar. Morar no interior me permite fazer isso com mais tranquilidade. Estes dias, eu fui visitar o túmulo da minha mãe. Foram 4 quilômetros caminhando. Minha família me chamou de louca rs e eu nem senti a distância. Aqui, a gente sabe o nome dos cachorros nas ruas, do caixa do supermercado, uma vida menos acelerada, mais em paz.

Essêntir: “Sol, você sentiu medo ao fazer essa mudança?”

Solange: “Não senti medo de mudar, eu me senti ansiosa. Acho que o medo era de não tentar. Se não der certo, eu tentei, eu fiz. Minha preocupação era o conforto, como já disse, disso eu não abro mão. Quero viver bem, e a vida de interior me favorece muito nesse sentido. Outra coisa que quero falar é que nunca senti discriminação por causa da minha idade. Se aconteceu, eu não percebi. Tenho um espírito jovem.”

Essêntir: “Você tem algum arrependimento de ter mudado?”

Solange: “Nenhum, somente saudades mesmo. Minha ‘boadrasta’ está doente, e sinto muitas saudades dela (Sol se emociona novamente). Ela está com a minha irmã, que cuida muito bem dela, e logo estarei lá para ficar uns dias ao seu lado. Outro ponto que me deixa um pouco triste é que fiquei mais longe dos meus filhos. Morando em São Paulo, era mais fácil para eles me visitarem. Um está em Bauru, e o outro em São Carlos. Mas estamos sempre em contato e nos vemos sempre que podemos. Saudades dos amigos que fiz por lá também, mas reforço: eu estou feliz aqui. Tenho uma irmã em Maringá, e estamos mais próximas. Sinto a felicidade dela em me ter por perto.”

Essêntir: “Você quer dar algum conselho para alguém que sinta esse desejo de mudar de vida?”

Solange: “Sim! Pegue um papel e faça uma lista do que você quer fazer na vida, pode ser 1 item ou 10, ir para Maringá ou para Paris, não importa, só coloque no papel. Depois, veja na lista o que é mais forte e a viabilidade de fazer algo que seja possível, dentro da sua realidade. Prepare-se para viver o resto da sua vida. Ou seja, coloque metas e estabeleça as prioridades. Na verdade, foi o meu filho que fez isso comigo. Ele que escreveu, e eu gostei da ideia, fez muito sentido. Foi assim que vim parar em Maringá.”

 

A história de Solange Baggi nos ensina que a vida é uma jornada contínua, repleta de oportunidades para mudança e renovação, independentemente da idade. Sair da zona de conforto pode ser desafiador, mas, como Solange nos mostra, os benefícios dessa decisão vão muito além das dificuldades iniciais. A coragem de seguir os próprios sonhos, a liberdade para tomar decisões e a busca por uma vida com significado são lições valiosas que todos nós podemos aplicar em nossas vidas. Que a história inspiradora de Solange motive cada um de nós a abraçar mudanças, acreditar na nossa capacidade de recomeçar e, acima de tudo, viver a vida da forma que realmente desejamos.

André L. Silva é colaborador do Núcleo de Marketing da Essêntir,
nômade digital e escritor do livro “Perdido aos Quarenta” @delevenavida.