Outubro Rosa: o emocionante depoimento de uma sobrevivente ao Câncer de Mama

Outubro Rosa: o emocionante depoimento de uma sobrevivente ao Câncer de Mama

No mês do outubro rosa, a Essêntir convidou Patrícia Ortega, para uma conversa franca sobre sua vivência após o diagnóstico de câncer de mama.

Outubro é o mês da conscientização sobre o câncer de mama para as mulheres, mas também para os pais, filhos, irmãos, amigos, netos, e enfim, toda a família.

Ninguém quer se descobrir doente, não é mesmo? Mas isso pode acontece com muitas pessoas e, nesse caso em específico, atinge em maior número as mulheres, e em casos mais raros, homens também.

Câncer de Mama

É importante falar sobre esse assunto e combarter o estigma que existe sobre essa doença, precisamos ter uma conversa mais aberta com todas e todos.

95% são as chances de cura quando a doença é detectada em seus estágios iniciais! 95%.

Outro número interessante para o seu conhecimento: 54% das mulheres subestimam a importância da mamografia.

De acordo com o Instituto PROTEA:

 

Fonte: Protea

O impacto do diagnóstico do câncer de mama, vai muito além da própria pessoa doente, atinge toda a família, muda a rotina e afeta psicologicamente e emocionalmente todas as pessoas que convivem com ela.

A PREVENÇÃO PODE SALVAR A SUA VIDA, FAÇA O AUTO-EXAME, asssita aqui como realizar corretamente o exame.

No blog do mês, convidamos uma sobrevivente ao Câncer de Mama para um papo aberto e esclarecedor sobre esse assunto tão importante.

Essêntir: Patrícia, nos conte um pouco sobre você

Patrícia: Meu nome é Patrícia Ortega, tenho 47 anos, sou casada, tenho dois filhos. Trabalho no mercado imobiliário, na Granja Viana em São Paulo.
Em 2016, quatro anos depois da minha filha nascer, fui a uma consulta de rotina com a ginecologista. Fiz um check-up e descobri “uma areia” no seio

direito. Depois de realizar ultrassom, mamografia e por fim mamotomia, ela teve certeza de que era um pré-cancêr.

Saiba o que é Mamotomia aqui.

Essêntir: Qual foi a sua reação inicial ao receber o diagnóstico e quais foram os desafios imediatos que enfrentou?

Patrícia: Naquele exato momento pensei: Vou morrer. Entrei no carro, chorei muito. Pensava em meus filhos com 4 e 9 anos crescendo sem mãe e no meu marido.
Me recuperei.
Já não lembro ao certo a ordem das ligações. Marido, mãe, irmã. Mas me lembro que minha irmã Solange tem uma amiga/irmã que foi um anjo.
Minha irmã me disse: Já falei com a Mari e ela vai te ligar. Fica calma, as coisas evoluíram muito na medicina. E assim foi.

A médica sugeriu o Hospital AC Camargo (SP), ela já tinha identificado que meu plano atendia. E a amiga de minha irmã justamente neste momento estava trabalhando lá. (E tem quem acredite que Deus não existe). Ela me acolheu e me ajudou em tudo. No dia seguinte eu estava em consulta com mastologista do hospital.

Eu só queria ficar viva. Já tinha perdido uma prima que teve câncer de mama.

Essêntir: Como foi o processo de tratamento e os efeitos colaterais e como lidou com os efeitos emocionais?

Patrícia: No meu caso, o diagnóstico foi de um carcinoma in situ.
Entenda mais aqui.

Todos os médicos que passei parabenizavam a doutora que fez a descoberta. Realmente ela foi muito “atenta”. Poderia ter passado desapercebido. Era uma “areia” discreta. Difícil de identificar no exame.
Mastologista, Oncologista, Oncogeneticista, Anestesista e cirurgião plástico eram meus aliados agora. Muitos exames.

Chegamos à conclusão de cirurgia. Retirada total do seio direito e linfonódulo sentinela. E tomar um medicamento. E assim foi.
Em dezembro de 2016 eu fiz a cirurgia. Fiquei sem movimentos no braço direito, mas foram recuperados com fisioterapia e depois pilates. No momento da cirurgia já foi possível colocar uma prótese.

Estou viva e tem cura. É o que eu pensava. Mas não é muito legal estar sem um seio. Mexe com a nossa autoestima.

Depois veio a cirurgia de simetrização.

Um ano depois surgiu um novo carcinoma in situ. Em um “restinho” na parte inferior do mesmo seio. Nova cirurgia… tudo de novo. Vamos lá! Recuperação. Nova Pausa.

Cinco anos se passaram. Faço acompanhamento, agora mais espaçado, anualmente. Por hora tudo certo.

Essêntir: Como a sua família e amigos ajudaram durante essa jornada? Você participou de algum grupo de apoio ou organizações que foram úteis para você?

Patrícia: Tive ajuda e apoio total da família e amigos

Todos a minha volta queriam me ajudar. Minhas vizinhas fizeram um encontro com filhos, um dia de oração. Foi muito bonito e especial, nunca irei me esquecer. Minha irmã com a sua amiga/irmã/anjo, minha mãe, minhas amigas e o meu marido, sempre ao meu lado.

Neste ano eu e ele estávamos ensaiando para desfilar a primeira vez na escola de Samba Águia de Ouro. Eu só falava para os médicos: Doutor, tenho que desfilar!!! Quando eu chegava no hospital para verificar dreno e curativos, as enfermeiras riam e falavam: Pronta para desfilar? Este foco no desfile me ajudou muito. Eu tinha que ficar boa logo para o desfile.

Também fui presenteada com vários livros de autoajuda. Conheci e frequentei a Kabbalah, através de um amigo. Os conhecimentos e descobertas que encontrei foram muito importantes para mim.

Também conheci a reconstrução de auréola através da micropigmentação. O resultado ficou perfeito, me emocionei.

Essêntir: O que mudou em sua perspectiva de vida após enfrentar o câncer de mama?

Patrícia: Dar a importância e o tempo que as coisas merecem. Família, amigos e rede de apoio são fundamentais.

Entender que não somos eternos. O dia a dia não é fácil, mas, vivemos para o que? Para quem? Por quem?

O bom humor e ser positivos, sempre ajudam, até na recuperação de uma cirurgia. Confiar de verdade que tudo vai dar certo. Reclamar não resolve nada. Música alta e animada é um ótimo recurso para nos tirar de uma frequência ruim.

Na vida profissional mudei de área, de arquiteta me tornei corretora de imóveis e estou muito contente com essa escolha.

E é muito importante saber que tudo pode mudar de uma hora para outra, assim é a vida.

Essêntir: Quão crucial foi para você a detecção do câncer de mama e o que você diria sobre a importância do autoexame?

Patrícia: No meu caso descobri em um check-up. Descobrir no início foi essencial e me possibilitou agir rápido. Quanto antes a descoberta, mais fácil e maiores são as chances de cura. E também da atenção dos médicos que descobriram tudo bem no início.

Essêntir: Qual conselho você daria para alguém que acabou de ser diagnosticada ou para mulheres em geral sobre a prevenção?

Patrícia: Não tenha medo, enfrente, cuide-se!

Se a vida nos oferece desafios, enfrente-os. Acredite que vai dar certo.

Busque pessoas que te façam bem, mantenha pensamentos positivos, busque por leituras, filmes e músicas auto-astral, frequente lugares que você gosta.

E repito a frase que disse há pouco: “Tudo pode mudar de uma hora para outra, assim é a vida.”

Essêntir: E para finalizar Patrícia, como você enxerga o futuro e qual mensagem final gostaria de deixar para quem está lendo este blog?

Patrícia: O futuro é hoje!

Claro que temos sonhos, vontades, planos, mas procuro me policiar, o futuro é agora.

Se hoje eu não estou bem, procuro buscar transformação. Tem dias melhores e piores.

Gosto de lembrar que o Sol sempre está no céu, as vezes está nublado, as nuvens não nos deixam vê-lo, mas eu sei que ele está lá e vai aparecer.

Quando estou em uma fase ruim, lembro que a fase boa está lá, assim que as “nuvens” forem embora, a fase boa surgirá.

O vento que empurra as “nuvens” são as ações que tenho que fazer para mudar, me fortalecer  e retirar essas “nuvens”. O Sol está sempre lá.

Tudo tem um propósito, muitas vezes, naquele momento não temos o entendimento, mas depois tudo faz sentido.

Busco seguir esse ritual: Pausa, Respiração, Oração, Confiança e Amor.

Ame-se, Cuide-se!