Annapurna Base Camp – 9 dias nas montanhas mais altas do mundo

Annapurna Base Camp – 9 dias nas montanhas mais altas do mundo

Embarque com a Gabrielle Stinguel, uma mulher de 28 anos, nessa aventura incrível pelas majestosas montanhas dos Himalaias. Sem mais spoilers, leia agora no nosso blog.

Esse artigo está repleto de emoções, se você já sonhou, em algum dia escalar algum dos picos dos Himalaias, esse texto pode mexer com você, pelo menos foi isso que senti durante a conversa com a Gabrielle Camargo Stinguel da Silva, a Gabs para os amigos, uma brasileira de São Paulo que vive em Limerick, na Irlanda.

O meu nome é André Silva e fiz e essa entrevista foi realizada no início de abril de 2023.

Tudo aconteceu no ano passado, 2022, quando Gabs resolveu fazer uma viagem de 6 meses pelo sudeste asiático, Tailândia, Vietnã, Laos… unindo voluntariado com imersões culturais, vivências inesquecíveis e muitos amigos.

Ela tinha um forte desejo de escalar uma das montanhas no Nepal, mas acabou abandonando os planos com receio de ir sozinha. No entando em agosto de 2022, ela recebeu da Manu, uma amiga que havia conhecido em suas aventuras, o convite para irem juntas para as montanhas. Isso reacendeu a sua paixão e, em outubro, ela embarcou para a Índia, dando início a essa história emocionante de coragem superação, rumo as montanhas mais altas do planeta.

Após passar 10 dias explorando as cidades de Nova Delhi, Agra e Varanasi, Gabs encontrou Manu em Gorakphur, para juntas, continuarem a aventura. Tomaram um táxi até Sonauli, na fronteira entre a Índia e o Nepal, e cruzaram para a cidade de Belahiya e, de lá, seguiram viagem de ônibus, mas pode ser feito também de “Jipe”, até a capital do Nepal, Kathmandu.

Nas palavras de Gabs, “a diferença entre os dois países é absurda, não tive sensação de perigo na Índia, apesar de ter passado por algumas situações desconfortáveis, que sabia que poderiam ter sido evitadas, já no Nepal, me senti segura e tranquila o tempo todo, uma atmosfera pacífica envolve todo o país”.

Após explorarem um pouco a capital, seguiram de ônibus até a cidade de Pokhara, nos pés do Himalaia, uma viagem de 7 horas aproximadamente.

Himalaias

Para subir as montanhas foi necessário providenciar duas permissões, tiradas na cidade mesmo, uma para fazer as trilhas sem guia e outra para passar pelos “check points” que existem no caminho, é dessa forma que eles conseguem controlar quem sobe e quem desce das montanhas.

Ainda em Pokhara, é possível comprar ou alugar tudo o que é necessário para a aventura, as duas optaram por alugar roupas de frio, botas, sacos de dormir, luvas entre outros, o valor é bem baixo, US$ 1,00 por peça, por dia de locação.

Sempre falamos da importância de ter seguro viagem, em alguns países o seguro é obrigatório. Alguns dias antes de iniciar a subida, Gabs se sentiu mal e foi diagnosticada com dengue, o que as obrigou a adiar o início em 1 semana. Para essas ocasiões o seguro é fundamental, palavra de um nômade viajante.

– É muito importante obter um visto com um prazo maior de permanência, pois pode acontecer de fecharem as trilhas por causa do mau tempo, ou ficar doente, como aconteceu comigo, o meu visto foi o de 30 dias, por isso eu fiquei mais tranquila tendo que adiar o início, relatou Gabs.

O início da subida

Dengue superada, as meninas resolveram fazer a subida do ABC, Annapurna Base Camp, existem diversas trilhas por lá, as mais famosas são, Everest, o pico mais alto do mundo, 8.849 m de altitude, e o Annapurna, 8.091 m de altitude. A decisão pelo ABC foi por ser mais em conta e sem a necessidade de guia para acompanhar, a trilha é muito bem sinalizada.

Quando falamos em Base Camp, nos dá a impressão de ser algo simples, porém a trilha não é nada fácil, o ABC tem uma altitude de 4.130 m, iniciando em Pokhara, que fica a 822 m do nível do mar.

É possível fazer a trilha em 5 dias, porém elas fizeram em 9, pois, decidiram desviar no caminho até o Poon Hill, 3.210 m de altitude.

– É interessante fazer o Poon Hill antes, para o corpo ir se adaptando a subida e a altitude, contou Gabs.

As duas conheceram 1 casal de brasileiros, e decidiram iniciar a trilha juntos, elas usaram o aplicativo “Maps.Me”, por garantia, com ele é possível baixar o mapa desejado e utilizá-lo off-line, mesmo sendo difícil se perder pelo caminho, são muitas pessoas subindo e descendo todos os dias.

Perguntei a Gabs se ela estava ansiosa ou com medo:

– Desde o início não senti medo, mas estava muito ansiosa, a subida não é fácil, infinitas escadas, pensei em desistir, demanda muito do corpo, mas a visão das montanhas se aproximando me incentiva a continuar, ela respondeu.

Tea House

Ao fim de cada trecho, eram nas Tea Houses (casas de chá), que elas chegavam para descansar o corpo e se alimentar, existem algumas espalhadas nas trilhas, os valores são bem baixos, logo no início não é cobrado a hospedagem, se você comprar um jantar e o café da manhã, conforme vão subindo, esse valor vai ficando 1 ou 2 dólares mais caro, pela altitude e a dificuldade de chegar suprimentos até as hospedagens.

Chegar as Tea Houses por volta das 15h ou 16h, tomar um bom banho quente, jantar, e tomar um chá conversando e observando as montanhas pelas janelas, se tornou um ritual para as meninas. Na manhã seguinte, acordavam as 6h para o café, e as 7h já iniciavam uma nova etapa.

O casal brasileiro ficou doente, com febre e dengue, por isso tiveram que descer a montanha. Gabs e Manu seguiram sozinhas para completar toda a trilha.

Nessa etapa Gabs fez esse relato:

” Senti um pouco de insegurança algumas vezes, achava que não conseguiria, em alguns dias cheguei a chorar, mesmo assim continuei. O corpo vai se acostumando com o ritmo, no início sentia dores, depois as dores sumiram, meu corpo se adaptou, a sensação de chegada em cada etapa é única.”

Perguntei se sentiu falta de ar, por causa da altitude:

– Não senti falta de ar, levamos um medicamento para a altitude, que é vendido na cidade, mas nem chegamos a usar, somente no último trecho, antes de chegar no ABC, é que o nosso rítmo diminui muito, mas conseguia respirar e continuar subindo.

Annapurna Base Camp

Você já fez algo que queria muito e que exigia muito esforço, porém quando estava próximo do final, não queria que acabasse?

Essa sensação é inevitável e foi isso que Gabs e Manu sentiram a 4.130 m do nível do mar, a chegada é maravilhosa, mas o caminho é onde está todo o aprendizado.

Perguntei sobre a sua sensação na chegada:

– Quando chegamos ao Base Camp e olhamos para o lado, é tudo infinitamente branco, e a gente é só um pontinho ali no meio daquela imensidão, não tenho palavras para explicar o que senti. Depois fiquei em silêncio escutando o som que as montanhas fazem, tive a impressão que elas falavam comigo, é um som único, inexplicável.

Os olhos dela, e os meus, estavam brilhando de emoção.

Ela tatuou no braço “Ao som das montanhas”, em homenagem ao que viveu por lá.

Gabs e Manu chegaram no ABC no dia 21 de outubro de 2022.

A decida levou 3 dias.

Brasileiros precisam de visto para a Índia, clique aqui para solicitar.

Clique aqui para aplicação online de visto para o Nepal. O visto pode ser solicitado logo na chegada ao país também.