Volunturismo – Uma viagem diferente!

Volunturismo – Uma viagem diferente!

Já pensou em unir uma viagem de turismo a um trabalho voluntário em algum lugar do mundo? Mesmo por pouco tempo é possível fazer a diferença na vida de alguém.

Oi.

Meu nome é Andre Silva e sou colaborador na Essêntir Viagens, atuo no Núcleo de Comunicação e Marketing e estou envolvido em quase todas as comunicações que você vê por aqui, na construção do novo site, mail marketing e postagens nas redes sociais, Instagram, Facebook e Linkedin.

Resolvi falar de um tipo de viagem diferente, mais do que somente turistar por aí, aproveitar essa oportunidade de conhecer lugares novos e se engajar como voluntário em algum projeto social e fazer a diferença, mesmo que por pouquíssimo tempo, nas vidas de outras pessoas.

Se o seu coração bate um pouco mais forte quando pensa neste assunto, eu te convido a ler mais sobre a minha história aqui abaixo e, Let’s spread love!

Sou natural do interior de São Paulo, uma cidade chamada Jacareí, a 1 hora da capital, e já faz algum tempo que decidi colocar a mochila nas costas e sair por aí, livre na estrada; falando assim parece divertido, uma bela aventura para alguns ou insanidade total para outros.

Existem muitos perrengues na estrada, medos, inseguranças e desafios. Não saber onde irá dormir ou comer no dia seguinte nem sempre é divertido, por outro lado tem algo que a estrada nos dá de presente e que vai muito além de passaportes carimbados – uma conexão sincera com as pessoas, amizades para a vida toda e o respeito pelo ser humano do jeito que ele é, sem julgar, somente observar e ser, além de milhares de abraços, comidas quentinhas e sorrisos que são entregues voluntariamente por aí.

E essa estrada me levou a Tailândia em Agosto de 2016, onde me tornei voluntário em uma escola no interior do país, na divisa com o Camboja.

ICCVTT (International Coordination Center for Volunteer Teacher Thailand).

A missão seria dar aulas de inglês para crianças, claro que o medo me acompanhou, mesmo com um bom inglês na bagagem, dar aulas seria algo totalmente novo para mim, não sabia o que esperar e tive medo de ser um fracasso total como professor.

Cheguei na escola em uma sexta-feira pela manhã, após ter perdido a parada do ônibus e ter descoberto isso somente 2 horas depois, o motorista conseguiu me colocar em outro ônibus de volta e ligou para a diretora da escola que ficou de esperar na estrada, e assim foi, mais 2 horas voltando na estrada cheguei ao local certo e logo, Jirawat, a diretora, apareceu em seu cavalo branco para me resgatar, uma Pajero Branca novinha.

Fomos conversando empolgados pela estrada de terra, com música alta do Laos tocando na rádio, país vizinho da Tailândia, Jirawat adora cantar em karaokês e sempre musicas laosianas. Entramos no terreno da escola e o meu coração já batia forte: Como seria, o que iria acontecer e como as crianças iriam me receber?

Fomos caminhar pela escola, as crianças ainda estavam em aula, entramos na primeira sala e todas imediatamente se levantaram, juntaram as mãos na altura do queixo e como um coral disseram: Good afternoon teacher! Na próxima sala foi igual, e na terceira sala, onde Raiss, uma voluntária chinesa finalizava o seu último dia como professora, fui convidado a participar do encerramento, sentamos no chão e Raiss tocou no violão uma música que havia composto em homenagem a escola.

As crianças sorriam e me olhavam com curiosidade, perguntavam com um inglês muito simples de onde eu vinha e riam quando eu dizia que sou brasileiro. Raiss partiu na segunda pela manhã e eu assumi como o único volutario daquela escola por um mês inteiro. A escola é pequena, possuía 58 alunos da pré-escola até o segundo ano, além de mim e da diretora Jirawat, também haviam mais 3 professores de outras matérias e uma auxiliar para ajudar com os menores.

As crianças mais novas viviam penduradas em cima de mim, nas minhas costas ou pedindo colo, recebia flores quase todos os dias, cartões em forma de coração feitos com folhas de caderno e muitos abraços quase o tempo todo, os professores eram como uma família, recebia convites para festas, jantares, dormir na casa deles ou simplesmente para almoçar em um restaurante simples por ali mesmo na vila.

Após as aulas, os meninos me chamavam para jogar futebol, enquanto as meninas me chamavam para o vôlei; precisei separar um dia para cada turma.

Numa manhã eu estava na sala dos professores e um deles entrou, me cumprimentou e ligou o computador, poucos minutos depois ele me olha e fala: – Teacher (em inglês) e depois uma frase em tailandês que eu não conseguia entender, ele repetiu mais 2 vezes e então fez sinal para eu ir até ele, abriu o Google tradutor na tela e foi escrevendo em tailandês e eu lendo em inglês:

– Entrou uma cobra aqui!

Dei um salto da porta da sala até o jardim externo e saí correndo até a sala da diretora, entrei e fechei a porta de vidro atrás de mim. Jirawat me olhou assustada, eu mal conseguia falar, ofegante que estava apontava para a sala dos professores dizendo “snake, snake” e caí na gargalhada logo em seguida, ela ria junto comigo. Voltamos até o local para procurar a “jibóia” e encontramos uma minhoca gigante, de qualquer forma estava no pé da mesa que eu usava. Fora isso e a quantidade enorme de pernilongos que insistiam em me atacar durante a noite, mesmo com repelente e tela de proteção, nada de anormal aconteceu. Cada dia era um aprendizado novo e mais sorrisos carinhosos, uma parte do almoço era doado pela comunidade local e as saladas feitas ali mesmo, em um cozinha muito simples porém funcional.

Um mês passa muito rápido e quando percebi já erá o último dia, as crianças me enchiam de cartões feito a mão, presentes, flores e até um cachorro de pelúcia, mas os abraços e os beijos foram os mais marcantes, Katchum, uma pequena garotinha que morava em uma casa ao lado do meu dormitório e que tem um sorriso que mostrava toda sua gengiva me abraçava com os olhos úmidos, aquela menininha me encantava com os olhinhos quase fechados enquanto sorria e as flores que constantemente me trazia, ela e a sua irmazinha, Tita, invadiam o meu quarto bem cedinho e ficavam pulando em cima da minha cama batendo palmas e cantando em tailandês, eu adorava.

Na última noite os professores fizeram uma surpresa, me levaram até um restaurante com karaokê, prepararam uma macarronada especialmente para mim e depois fui chamado ao palco onde recebi um certificado das mãos de um secretário de educação, as pessoas me aplaudiam, mesmo sem entender o que diziam em tai, eu estava emocionado e, para não ir embora sem passar vergonha, o secretário me entregou o microfone na mão dizendo para eu cantar.

– Oi? Eu, cantar?

Eu não canto nem no chuveiro, sou péssimo, mas eu cantei não apenas uma, e sim duas músicas, mesmo com vergonha a felicidade não cabia no peito, viver aquilo ali era rico demais, foi inesquecível.

Na manhã seguinte Jirawat me levou até o ponto onde eu iria pegar o ônibus para voltar a Bangkok, ficamos os 2 sentados em uma banco improvisado de madeira com os pés fincandos no chão de terra, depois de um tempo ela me olhou e disse:

– Eu não quero dizer adeus.

Olhei para ela com um sorriso tímido e perguntei:

– E se for até breve?

Ela sorriu e disse que sim: – Até breve eu consigo.

Ficamos de pé e nos abraçamos, entrei no ônibus e parti.

Aquele medo que sentia lá no ínicio, logo que cheguei, nem de perto apareceu, eu pensava na qualidade do meu inglês, se eu seria bom o suficiente para o projeto, ou se seria uma fralde, e não era isso que eles queriam, e sim alguém que estivesse lá, presente com eles, trocando experiências e com o coração aberto para receber imensamente mais do que levou para dar.

Essa foi uma das minhas experiências de viagem e que me conectam muito a essência da Essêntir e a cultura que vivemos aqui hoje.

Sentiu vontade de saber um pouco mais sobre mim? Escrevi um livro chamado “Perdido aos Quarenta” e você pode me acompanhar pelo Instagram @delevenavida.

Um abraço e até logo.